terça-feira, 28 de abril de 2015

VONTADE DE GRITAR E DE MANTER O CONTROLE


Tiveste meu coração na mão e poderia tê-lo tornado teu.
 Mas não...  preferiste segurar e destroçar.
E lágrimas e desculpas não apagam lembranças.
Afinal, aqui reside: desmembrado e destroçado.
E cá estou com recordações:
apunhalaste meu coração... porque não sabias... o que era um.
Tenho um desmembrado...
que impede o esquecimento de tua ignorância...
E ainda que este pequenino...
que deficiente sobrevive em meu peito...
sequer tenha força para te odiar...
Tiveste meu coração na mão, mas preferiste não torná-lo teu.
Escolhas foram feitas.
E precisas aprender a conviver com elas.
Eu também.
(Esyath Barret)

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Puta que pariu! O rancor que sinto é tão afiado que se me permitisse... diria tantas aberrações e impropérios que apenas me levariam ao  mesmo estado patético e ridículo que abomino na minha mãe. Sinto que se libertasse o autocontrole... sim eu seria capaz de chegar a agressão, como em tantas ocasiões praticamente cheguei.
Não é fácil ter que lidar com uma pessoa... que é doente... evidente que minha mãe sofre de transtornos psicológicos que com o tempo apenas se agravaram... fechou-se em um mundo próprio, alheio, onde cada vez dialogamos menos... e ela se torna pior... mais bruta, grotesca, animalesca...  um ser humano que me faz perder a razão e o bom senso... durante anos ela me intimidou com agressões... eu tinha medo de ser ofendida física e psicologicamente... mas tudo bem... era uma criança... o que poderia fazer afinal!?
Hoje ela me intimida de uma forma totalmente diferente... passou a despertar o meu pior lado... o negro... me leva a temer me tornar alguém descontrolada como ela... que não consegue tratar as pessoas com respeito e educação... que permite que sentimentos prevaleçam sobre a razão... me intimada porque temo me tornar...ela.
O maior medo da minha vida é não encontrar o amor. É verdade. É um medo tão grande e intenso...  que provavelmente eu passei a agir na defensiva e a negar... que quero ser amada... É mais fácil ser cínica e focar no estudo, no trabalho... mas quando conversas surgem e sou criticada por meus irmãos... que dizem sobre como eu deveria viver minha vida... buscando alguém para casar e ser mãe... rolando aquele papo de “você quer terminar seus dias só!?” Dá vontade de berrar:
Gente ACORDA!
Eu NÃO quero condicionar minha vida a outra pessoa. Se aparecer ótimo, vamos ser felizes no poente juntos! Mas se não rolar... eu preciso saber seguir com minha vida... só. Aprender a gostar de mim e a investir em mim. Para não me tornar um ser humano frustrado como a minha mãe... que se afasta das pessoas porque as expectativas não foram atingidas...  Eu tenho que ser capaz de me olhar no espelho e gostar de quem eu vejo... física e psicologicamente falando... e isso é difícil pra cacete... quer dizer não é como se eu me achasse top... porque tô bem longe disso... e esse papo fica pra outro post... Mas uma coisa é fato: sim, eu tenho medo de ficar só, e sim não quero que saibam disso, pois não, ninguém precisa saber.
Curtir meu medo só já é embaraçoso.... se for de uma forma coletiva... será como disse uma amiga minha hoje... terei vontade de encontrar um banheiro para enterrar minha cabeça na privada.
E aí... me escondo atrás deste cinismo utópico e me afogo em compromissos... porque se não tiver tempo e coragem de encarar isso... talvez consiga vencer meu medo e lidar com minha vida como devo: sozinha
E daí que quero ter filhos e provavelmente os terei sozinha? Ou que não serei amada romanticamente e que não viverei momentos simples e comuns como ir a um cinema acompanhada, jantarzinho a dois, boliche ou videogame em par, caminhada na praia, viagem de lua de mel... a vida não para por isso... tentar fazer tudo só... e guardar este medo... é algo privado.
O medo que pode se tornar público é: me tornar a minha mãe.
Alguém que não se dá ao respeito por não ser capaz de respeitar os demais. Insuportável pela intolerância ou prepotência. Incapaz de assumir erros ou de tentar mudar. Solitária por não buscar entender o próximo... por se recusar a tentar ouvir... e a saber amar as pessoas como são... com seus piores defeitos e melhores qualidades. Se irritar com o outro é supernormal. Tentar modificar o outro... por pior que seja... sob uma ótica egocêntrica... e errada... e até mesmo imoral... também é normal, porque nós seres humanos estamos sempre nos influenciando e impactando... e nos transformando... para melhor e para a pior...  Mas infernizá-los por isso... porque eles se recusam a ser quem queremos que sejam... é INADIMISSÍVEL.
Pois a partir do momento em que eu quero que o outro me aceite como sou... devo ser a primeira a saber aceitá-lo. E mais que isso... preciso saber que palavras existem para comunicação e não para agressão. Se não sou capaz de escolhê-las com bom senso... e até mesmo amor... perco minha humanidade e me torno um animal... selvagem. Incapaz de diálogo e de afeto. E animais que não conseguem ser domesticados... e nem escolhem este caminho... encontram apenas um destino: o total abandono.
E esta tortura... pode levar a total insanidade. Outro medo que tenho... porque afinal parece ser algo de família... E sim, minha mãe é insana. Porque ninguém em santa consciência é capaz de chamar filhos de “viado”, “rapariga” e “kenga” desde jovens... e achar que é certo ou normal... Não é possível que uma mãe veja um filho assumir uma dívida horrenda para livrá-la de um problema... crítico e ache que isso não tem valor algum... recusando-se até mesmo a saber o teor da dívida... não é possível que uma mãe sinta prazer em infernizar... e arrancar lágrimas de seus filhos...  quando sempre lutou tanto por eles... a bipolaridade prefiro acreditar que decorre de insanidade não tratada do que de crueldade... porque se é crueldade... então não poderei mais chama-la de mãe... mal consigo olhar para ela... é importante saber que está aqui... mas incompreensivelmente não consigo mais encará-la nos olhos... porque ela me envergonha... dói... intimida... irrita... incita a desaparecer... mesmo quando desperta a piedade... ou a vergonha de ver quem tantas vezes eu me permiti me tornar por não saber lidar com ela...
É complicado. #conclusão #momentodesabafo #verdadedói

Um comentário:

  1. Minha querida, ninguém se torna aquilo que não quer. O querer está dentro de nós! O que sua mãe faz é problema dela, o que você faz com os atos da sua mãe, isso sim, é problema seu. Uma pessoa que escreve poemas como você tem alma leve e, talvez, esse seja o grande problema da sua mãe: Inveja! Não poder ser como você. Fique em paz! Viva em paz! bjo

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